EDUCAÇÃO EM DEFESA DOS POTENCIAIS HUMANOS:TRILHAS ESPERANÇOSAS PARA UM MUNDO MELHOR

Boaventura de Sousa Santos (2021), nos provoca a “Des-pensar para pensar” nos direcionando à construção de uma consciência aberta às diferenças e à multiplicidade da vida em sua potencialidade, a construirmos outro mundo menos feio e mais inclusivo, humano na plenitude do que seja a humanidade.

Por sua vez, Edgar Morin (2019), nos convida a resistirmos à crueldade do mundo e nos abrirmos à construção da fraternidade, da convivência harmônica e saudável, sustentada pela tolerância, solidariedade e empatia. Para o autor, “[...] cada um de nós é apenas um momento da fantástica e incrível aventura humana [...]” (2019, p. 53). É, neste sentido, essa aventura humana que nos faz acreditar numa educação diferencial que se compromete com a defesa dos potenciais humanos – saber-agir, saber-pensar, saber-sentir, saber-amar; este último potencial, fundamento-base do que Humberto Maturana (1997) defende como o saber que respeita o outro como um legítimo outro, reconhece sua singularidade, sua trajetória de vida.

Uma educação com princípios e valores, nessa direção, é referencial e contribui para esperançosamente, construir um mundo melhor. Tal esperança viva, atuante, lúcida como sustentou Paulo Freire (1996), segue o caminho do equilíbrio, da paz, da felicidade, do respeito, da tolerância e da acolhida, ou ainda, como sustenta Leonardo Boff (2014), uma caminhada de fé na humanidade alicerçada nos direitos humanos, na paixão pela vida, no conhecimento da natureza e reconhecimento da Mãe Terra, na sustentabilidade global e na valorização da cultura. A mais, como propõe Ailton Krenak (2022), uma educação capaz de escutar a voz de todos os seres vivos, de todos os povos; educação essa que valoriza a “[...] potência de se perceber pertencendo a um todo [...]”. Uma educação assim, capaz de comprometer-se responsavelmente com um mundo melhor pode, por meio de suas políticas, seguir algumas trilhas, como propõe Nogueira (2021):

1. A trilha da formação de pessoas capazes de olhar para dentro de si mesmas e compreender a vida (sua e dos outros seres vivos) de modo integral, em conexão complexa emoção, razão e existência biosociodiversa;

2. A trilha da conexão entre o sentir e a imaginação para um bem pensar – introspecção crítica, consciência da complexidade humana, abertura aos demais seres – pessoas capazes de criar redes de aprendizagem, formação fundamentada em valores humanos, desenvolvimento da consciência socioambiental-cidadã;

3. A trilha da compreensão do contexto de vida de modo relacional e integrador, compreensão da irmandade entre todos os seres, convivência humana sustentável – pessoas éticas, saudáveis, competentes, autônomas, capazes de crescer interiormente na relação consigo mesmas e com os outros, todos os outros;

4. A trilha da formação de pessoas capazes de construir seus projetos de vida e de participar na comunidade planetária de modo ético-responsável, que visem buscar individual e coletivamente, a felicidade resultante da unidade na diversidade e da diversidade na unidade – amorosidade pela dialogia e escuta sensível.

Essa educação é a que nós Educadores e Educadoras, acreditamos ser o agente de transformação das realidades de vida e do mundo. Uma educação que acredita nos potenciais humanos e na valorização das relações Eu-Outro de modo ético e corresponsável.

Abraços de Luz e Vida,

Prof. Valdir Nogueira

Referências:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39 ed. São Paulo: Paz e Terra, (1996) 2009.

KRENAK, Ailton. Futuro Ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

MATURANA, Humberto. A ontologia da realidade. Belo Horizonte: UFMG, 1997.

MOLTMANN, Jürgen; BOFF, Leonardo. Há esperança para a criação ameaçada? Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

MORIN, Edgar. Fraternidade: para resistir à crueldade do mundo. São Paulo: Palas Athena, 2019.

NOGUEIRA, Valdir. Mapeamento de aprendizagens focais para a leitura de mundo, de si e dos outros na Educação Infantil em conexão com a Educação Ambiental. Tese de Pós-Doutorado (PhD). Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2021.