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O PROFESSOR E AS MUITAS FORMAS DE INTERVIR NO MUNDO: LEGADOS CARREGADOS DE BONITEZA, POTÊNCIA E POSSIBILIDADES

Atualizado: 9 de mai.

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Fonte: Banca de Defesa de Tese - foto reprodução - Rede Social (2019)


Encontrei a Professora Dra. Dalva Simone Strapasson Dias pela primeira vez no PPG-Made – Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no momento em que ela estava apresentando publicamente a sua Monografia de Especialização. A convite da Professora Dra. Sônia M.M. Carneiro, sua orientadora, participei desse momento único e profícuo com a querida Dalva, em 2004. Sua Monografia estava intitulada como “O uso de materiais didáticos no processo da Educação Ambiental”. Nesse primeiro estudo com foco na Educação Ambiental, a querida Dalva já apontava potenciais caminhos na investigação e na defesa da Vida e sua qualificação pela via da Educação Ambiental.


Ela não parou por aí, sabedora de que poderia contribuir muito mais com sua realidade de vida, seu município; a mais, com o nosso país. Pela atitude investigativa, Dalva foi para o Mestrado e lá, mais uma vez, nos encontramos e de lá para cá, nos tornamos amigos e pertencentes a uma família de investigadores no campo da Educação Ambiental. Desta vez, a Mestra Dalva Simone Strapasson Dias defendeu uma beleza de pesquisa contextualizada no município de Colombo/PR com o título “Projeto cidadão ambiental mirim: contribuições para a formação da consciência socioambiental cidadã nos anos iniciais do ensino fundamental do município de Colombo-PR”. Eu estava entre os autores de referência de seu trabalho pela teoria da consciência espacial-cidadã (NOGUEIRA, 2009). Citado e feliz por fazer parte dessa conquista da querida Dalva e, muito mais feliz, por enxergar a força dessa forma de intervenção no mundo – dos muitos mundos de Colombo à nossa casa Planetária.


Em sua pesquisa, DIAS (2012, p. 55), sustentou a seguinte premissa:


A escola não é o único local de aprendizado e o processo educativo não se inicia nem se esgota no espaço escolar. Sob esta ótica, evidencia-se a importância do diálogo acerca do conhecimento que as pessoas têm do ambiente de vida, aprendido informalmente em suas vivências e práticas sociais. Esse conhecimento vai-se ampliando na medida em que o educador possibilita questionamentos, permitindo aos educandos repensar e compreender sua realidade, formulando novas ideias e elaborando suas próprias propostas. Deste modo, cabe ao educador mediar esse processo, resgatando as experiências dos educandos e auxiliando-os em suas reflexões. A aproximação entre o que os sujeitos-alunos aprendem nas instituições de ensino, em conexão com sua realidade cotidiana, contribui ao entendimento sobre as questões socioambientais e oportuniza a reflexão sobre possíveis soluções para problemas do dia-a-dia.


Modos de pensar o valor e significado das formas de atuação dos Professores nos diferentes contextos de aprendizagem, principalmente no que diz respeito às questões e problemas socioambientais hodiernos. Eu acredito muito na força docente, no potencial que há em cada Professor/Professora, nos sonhos de mundo que nutrem cada um e nos modos como propositam seus processos de aprendizagem conjunta com os estudantes. Dalva, nossa querida amiga e pesquisadora tem mostrado isso ao longo do tempo de atuação no município de Colombo e pelos estudos realizados e por sua atuação cidadã.


Por ocasião da Defesa de sua Dissertação de Mestrado acima mencionada, escrevi um pequeno texto para ela reforçando o Ser humano que é. Quis dizer da força criadora e da boniteza presente no seu Ser-Professora, Pesquisadora, Pessoa numa humanidade singular. Envie como um registro do momento lindo vivenciado na visita em sua residência e, tempos depois ao receber uma cópia de sua pesquisa, vi que ela publicou o texto nos anexos de seu belo trabalho. Transcrevo, a seguir, trechos recortados do que lhe havia escrito pelo significado social do trabalho docente:

 

Por saber, de você mesma, que cantas e participas com afinco das atividades da igreja e sabendo que eu também vivi intensamente tudo isso é que lhe escrevo a saudação inicial lhe desejando paz e bem. Lembro que em seu texto dissertativo você, em algum momento, trata da ideia de paz social. Isso é fundamental, uma paz conquistada enquanto direito de bem viver e de viver com qualidade – saúde, educação, segurança, infraestrutura, respaldo político, econômico, cultural – habitação e lugar de vivência sadio e feliz.

Quando deixamos sua casa, a Sônia e eu, por um tempo fiquei com a imagem de seu pequeno filho sorrindo de forma muito espontânea e traduzindo uma alegria, uma felicidade imensa; fiquei com os chamados dele gravados em meus pensamentos – “mãe, mãe, mãe”! Lembra-se disso? Pois é, querida, Simone. Ao olhar para a infância de seus filhos, para a beleza da vida deles e pelos anseios, sonhos e esperanças que você e seu marido alimentam em relação a eles, lhe pergunto e me pergunto também: qual o direito deles a uma infância saudável, a uma vida com qualidade socioambiental, a um viver a feliz cidadania?

Foi muito lindo ouvir você narrando, enquanto nos mostrava sua cidade/município, que na sua infância você podia brincar pelos arredores daqueles lugares, nas fontes, nas nascentes, enfim, foi muito lindo ouvir você dizer sobre o que era ser criança em outros tempos. E o que significa ser criança, na sua cidade, nesse tempo? Um dia você, hoje seus filhos e os filhos de outros com direitos iguais de viver a infância de forma feliz e saudável e isso se refletirá em uma cidadania feliz e, num futuro próximo, na luta deles por uma paz social.

As crianças de hoje, lutando amanhã para que se concretize a paz social – um direito de todos. Mas, para isso, elas precisam ser vistas enquanto cidadãs, enquanto sujeitos de direito à infância e à felicidade. Elas precisam de educadores e de gestores políticos e educativos que se engajem na defesa de seu ambiente de vida e de suas vidas. Elas precisam aprender que a cidadania se constrói e que elas podem fazer a diferença no lugar onde vivem. (NOGUEIRA, Valdir. INFÂNCIA CIDADÃ E INFÂNCIA ENQUANTO DIREITO: DIREITO DE SER FELIZ, VIVER A FELIZ CIDADANIA. In. DIAS, 2012, p. 217-218).


Escrevi o texto-diálogo sabendo que Dalva, tão carinhosamente chamada pelo segundo nome, Simone, poderia ir além. E ela foi! Após caminhada desafiadora e carregada de ações transformadoras, com as equipes gestoras do município de Colombo – Meio Ambiente e Educação, entre 2016 e 2017, estivemos juntos atuando na construção das Diretrizes e do Programa Municipal de Educação Ambiental de Colombo. Foi mais um passo, outra mirada potencial no contexto político-educativo. A querida Dalva, desta vez, moveu, pelas parcerias e outras forças motrizes da territorialidade educativa de Colombo, as estruturas necessárias para construir documentos referenciais à Educação Ambiental.


Fonte: Colombo (2016-17).


Foi um trabalho lindo, conjunto e compartilhado entre amigos, pesquisadores e profissionais de diferentes campos de atuação. Juntos descobrimos outros potenciais de atuação docente – a autoria e a força política em prol da defesa de Educação sustentada na qualidade da vida e do ambiente onde ela se desenvolve. Foram passos importantes que o município deu e que serviram e continuam a servir de referencial para outras realidades no contexto do Estado do Paraná e para além dele, em outras territorialidades. Isso é motivo de orgulho, de alegria, de encantamento com essas formas de intervenção, pelo Professor, no mundo.


Muito inquieta, Dalva voltou para a academia. Desta vez para defender uma Tese Doutoral. Essa Professora gigante, potente, solidária e com anseios profundos de mudança das realidades de vida pela educação, produziu uma pesquisa de tese substancial sob o ponto de vista teórico e, profunda, sob o ponto de vista da práxis transformadora. Numa sequência imersiva, Dalva defendeu Tese intitulada: Projeto cidadão ambiental mirim: alfabetização socioambiental nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental em Colombo, PR.


Feliz fiquei, novamente. Muito feliz! Fui, orgulhosamente, parte da Banca Examinadora desse belíssimo trabalho de Tese. No dia da defesa, no início do meu parecer fiz uso, em forma de epígrafe, de uma citação de Gaardner (1998, p. 49), “A cada segundo a natureza sacode a manga do paletó e caem algumas crianças novinhas em folha. Abracadabra! E a cada segundo muitas pessoas desaparecem também. Quando chega a hora, chega a hora, e Cecília tem que ir embora.... Não é a criança que vem ao mundo, mas o mundo que vem para a criança. Nascer é receber de presente o mundo inteiro”. A partir desse lindo texto, escrevi o parecer avaliativo da Tese produzida por Dalva e, aqui, apresento um recorte dessa escrita:


E assim, temos acompanhado, desde a Especialização, o trabalho de garra e carregado de sentidos da pesquisadora Dalva Simone. Um trabalho que busca, por meio de seus percursos formativos, indagar esse mundo que “vem para a criança”. O mundo que um dia também chegou para ela no seu tempo de ser pequena desbravadora! Nesse sentido, a tese que temos em mãos e que nos foi posta em desafio de leitura-análise, está carregada de sentidos-mundo porque anseia por torna-lo melhor a partir do que pensam, leem e compreendem do mundo as crianças de Colombo.

Uma tese que nos permite desde o início da leitura, mover um turbilhão de perguntas-mundo, nos coloca frente aos desafios do contexto atual e, nesse sentido, do que podem fazer os docentes nas suas práticas educativas. É um trabalho de peso, sim, não pela quantidade de páginas (377), mas pela envergadura do propósito a que se destinou alcançar.

Teoricamente, a tese inova, avança e nos permite questionar as práticas educativas, o currículo, a formação docente, as políticas públicas e o lugar dos gestores em suas ocupações e modos de intervir no mundo (realidade de vida municipal), desde a escola.

Metodologicamente, correlaciona campo e teoria, fazendo entrada em escola a partir do que pensa a escola, os professores e gestores. Sob o ponto de vista empírico, uma tese com muitos achados, com dados que seguem nos fazendo pensar sobre o valor das práticas político-educativas intencionais e, nesse sentido, sobre o papel do professor-pesquisador no contexto comunitário. Assim, diante do mundo que chega à criança, a tese mergulhou na busca por um processo de alfabetização socioambiental visando ler, com essa criança, o mundo das suas realidades de vida. Por isso, o trabalho de pesquisa é valioso, sério e revelador. (NOGUEIRA, Valdir, 2019 – PARECER AVALIATIVO DA TESE).

 

De fato, um trabalho valioso, sério e revelador. Valioso pelo belíssimo e potente construto teórico-metodológico; sério, pelo compromisso e pela responsabilidade ética que a querida Dalva Simone assumiu com sua municipalidade, a academia e, nesse contexto, com o nosso país – é uma pesquisa de referência no enfoque da alfabetização socioambiental; e, por fim, revelador por apontar caminhos que dão sentido ao desenvolvimento de escolas que acreditam na sustentabilidade da vida pela formação da cidadania socioambiental de todos os sujeitos, fundamentalmente, as crianças.


Dessa linda caminhada narrada pelo meu ângulo de visão (limitado), mas respeitoso e orgulhoso, foi que nasceu nossa linda amizade e nosso trabalho conjunto em defesa da Educação Ambiental na perspectiva da consciência socioambiental-cidadã. Tais potenciais, acredito, devem aqui e em muitos outros contextos, divulgação, compartilhamento e disseminação, pois são legados valiosos para avançarmos no contexto das políticas educacionais.


Por acreditar e defender esse potencial na docência e na atuação em territorialidade municipal, recentemente a querida Dalva fez uma fala na proposta formativa intitulada “DIÁLOGOS EDUCAÇÃO AMBIENTAL”, focando a temática “Conexões criança e natureza: a experiência de Colombo/PR”. Uma fala carregada de novos projetos-sonhos, novos mundos-possíveis. Além de narrar com beleza, maestria e profundidade sua histórica caminhada, a Professora e Amiga Dra. Dalva Simone S. Dias, apresentou o sentido e significado das Políticas Públicas de Educação Ambiental nos contextos municipais e, a partir delas, das propostas de intervenção nas realidades educativas defendendo, nesse sentido, o direito da aprendizagem socioambiental-cidadã no ensino formal.


Acompanhei parte dessa história de vida na academia e na atuação num contexto municipal e sei, pelo Ser Humano que é, nossa querida Dalva nutre docência que esbanja amorosidade, esperança e crença na Educação que todos sonhamos e almejamos. Uma educação pautada na sustentabilidade da Vida, no reconhecimento da diversidade e das diferenças, basilarmente, na formação socioambiental-cidadã das crianças.


A Professora Dra. Dalva Simone Strapasson Dias, é uma preciosidade. É gente que acredita que há muitas formas de intervir no mundo. E assim ela tem feito pela atuação ética em sua territorialidade municipal – sempre comprometida e inovadora; pela coragem em seguir estudando e desenvolvendo pesquisas no contexto acadêmico; pela linda forma de estabelecer relações entre a vida em família e os compromissos com a comunidade de pertença; pelo brilho nos olhos quando fala da Educação Ambiental entranhada na sua História de Vida. Feliz bem-viver aos que a acompanham bem de perto porque até os de longe sentem sua linda energia e sua vitalidade poética – nutre boniteza, potência e possibilidade.


Colombo é uma cidade acolhedora. Uma cidade que tem em sua territorialidade, entre as muitas, uma joia preciosa. Feliz Colombo por ter profissionais tão qualificados e com propósitos de vida que empoderam o município. Essa preciosidade nos fala com imensa profundidade e maestria no vídeo que está anexo a este texto. Assisti-lo é entrar em contato com esse poder-Ser e poder-Agir que a querida Dalva nos apresenta.


Abraços de Luz e Vida,

Prof. Valdir Nogueira



REFERÊNCIAS


COLOMBO. Diretrizes Curriculares Municipais de Educação Ambiental. Concepção e elaboração: Valdir Nogueira. Colaboração Sônia M. M. Carneiro. Colombo/PR, Secretaria de Meio Ambiente: SEMMA, 2016-2017.

COLOMBO. Programa Municipal de Educação Ambiental - PEACS/SEMMA. Concepção e elaboração: Valdir Nogueira. Colaboração Sônia M. M. Carneiro. Colombo/PR, Secretaria de Meio Ambiente: SEMMA, 2017.

DIAS, Dalva Simone Strapasson. Projeto cidadão ambiental mirim: alfabetização socioambiental nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental em Colombo, PR. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2019.

DIAS, Dalva Simone Strapasson. Projeto cidadão ambiental mirim: contribuições para a formação da consciência socioambiental cidadã nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do município de Colombo – PR. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.

DIAS, Dalva Simone S. O uso de materiais didáticos no processo da Educação Ambiental – Curitiba, 2004. Monografia (Especialização em Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento) Universidade Federal do Paraná.

GAARDNER, Jostein. Através do espelho. São Paulo: Seguinte, 1998.

NOGUEIRA, Valdir. Educação geográfica e formação da consciência espacial cidadã no ensino fundamental: sujeitos, saberes e práticas. Curitiba, 2009. Tese (Doutorado em Educação). Univer


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